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A mostrar mensagens de 2005

Manuela Moura Guedes

Hoje, na TVI, Manuela Moura Guedes foi surpreendida pelo marido, a pretexto das canções românticas do programa da estação, com uma mensagem que incluía, entre outros gestos apaixonados, "um beijo para a mulher que está a apresentar este jornal, de quem eu tanto gosto". E que tem isto de importante? A mudança. Manuela Moura Guedes é o tipo de jornalista que faria uma brilhante figura como cronista pela acutilância crítica com que comenta algumas notícias, mas fá-lo no Jornal Nacional e, principalmente, em discussão com Miguel Sousa Tavares. Ora, isto não raro aborrece alguns telespectadores que do comentador esperam comentários e da apresentadora isenção. Por isso, ver uma mulher tão espontânea e arrebatadamente crítica ser beliscada ao nível sentimental é raro e bonito de se ver. E, claro, os olhos a ressumar lágrimas foi como uma cereja no topo de um bolo.

Soares vs Alegre

O debate de ontem na TVI no qual estiveram, frente a frente, Mário Soares e Manuel Alegre revelou-me duas coisas: Mário Soares não perdeu a técnica apesar de o afirmarem e Manuel Alegre estará em melhores condições de ganhar, nos resultados efectivos, este frente a frente. Muitos discordarão mas o facto é que Manuel Alegre foi alvo de um "ataque" sub-reptício. Soares fez o papel - e daqui não se retira um pingo de censura - do professor que ensina o imaturo aprendiz. Apesar da preparação Alegre também pareceu surpreendido. Porque não? Afinal, em tom professoral Soares dava-lhe aulas de como usar o veto político, de quais são os poderes e os deveres do Presidente, etc. Por um lado, a imagem transmitida por Soares aos seus apoiantes é a de que nada o poderá abalar, ou seja, uma imagem fortalecida pela experiência anterior. No entanto, para os indecisos a imagem passada pode ser interpretada como um acto petulante no qual Soares tenta fazer de Alegre uma vítima da verdura com qu

Jorge Perestrelo

O mês passado, numa promoção do 24 Horas, foi distribuído um CD intitulado "As melhores exibições na TSF de Jorge Perestrelo". Durante 47 minutos repartidos por dezoito faixas é-nos proporcionada uma experiência sem igual, a de ouvir o "rei do relato"no seu melhor. Muito terá ficado por mostrar, mas mesmo assim o CD toca a qualquer um que se ache ligado aos relatos deste enorme vulto da rádio. E, embora já não possamos ouvi-lo mais, enquanto existir rádio haverá Jorge Perestrelo entre nós. Não sei se pelo facto de o saber desaparecido, se pela ligação que tenho à rádio ou mesmo aos momentos relatados por Perestrelo no CD, o que é facto é que em todas as sete faixas que ouvi fiquei com olhos marejados de lágrimas.

José Saramago e as presidenciais

Ontem, o jornal das 9 da Sic Notícias teve a presença de José Saramago. O pretexto era o novo romance "As intermitências da morte", mas Saramago teve também oportunidade de se manifestar quanto às futuras eleições presidenciais, ou não fosse Mário Crespo, o entrevistador, um jornalista de qualidade. De tal modo, a oportunidade não foi perdida e Saramago chegou mesmo a apelidar Cavaco Silva de «génio da banalidade». Perante tal adjectivação, Crespo perguntou qual a posição do Nobel acerca dos candidatos afirmando-se este como "militante fiel" e, portanto, apoiante de Jerónimo de Sousa. Em caso de segunda volta, quer contra Cavaco quer contra Alegre, Saramago optaria por Mário Soares. Tal afirmação não é, de todo, imprevisível uma vez que, apesar da ligação que possa haver a nível cultural entre Saramago e Manuel Alegre, a nível ideológico é Soares quem se encontra mais próximo dos ideias marxistas-leninistas de Saramago. Ainda assim, demasiado longe deles para não se

Quantidade não é qualidade

Desde que abri este blog, um espaço onde tenho confessado algumas das minhas actividades e onde mostro mais do que sou e, fundamentalmente, mais do que penso, nunca escondi nada. Isto é, a partir do momento em que decidia depositar algo aqui, não hesitava. Pois isso aconteceu ultimamente. O facto de não ter entrado na primeira fase de concurso ao Ensino Superior deixou-me de tal maneira em baixo que, lembrando-me de o contar, não o fiz. No entanto, após novo concurso na segunda fase entrei. Frequento agora a licenciatura de Enfermagem. Como se trata da área a que desde há algum tempo me decidi dedicar é com prazer que o faço. Por isso, como será de calcular, uma vez que me encontro deslocado e tenho de viajar de comboio constantemente, o blog sofrerá com isso. Nada, porém, que não se tenha vindo a notar ultimamente. Afinal, quantidade não é qualidade.

Foi há dezoito anos...

Foi há dezoito anos, que se completam às 9.55 h, que nasci. Dezoito anos já fazem uma vida, mas adivinho que este ano seja dos mais ocupados. A possível entrada na Universidade, a rádio, as revistas, os jornais, enfim, todas aquelas actividades que faço questão de não abandonar ocuparão grande parte do meu tempo. No fundo, a vida adulta passa por isso mesmo: ocupação, stress e pouco tempo livre. No entanto, desde que organizado saudavelmente o tempo chega para tudo e ainda para se ser feliz. E este é o sonho de todos, independentemente dos sonhos individuais.

RCS na sua companhia

O meu maior sonho desde menino era ser escritor. No fundo, a Comunicação Social atraía-me e atrai-me principalmente o seu expoente máximo que é, na minha opinião, a página impressa, ou seja, a escrita. Não há jornal, rádio ou televisão que dela não dependam. Por esta razão, quem a ela se liga acaba, muito provavelmente, ligado a muitas das suas vertentes. Tudo isto apenas para dizer que também eu estou ligado a elas. Comecei no jornal da escola, iniciei este blog, participo várias vezes na revista Sábado e sou o actual comentador de desporto da Rádio Clube de Sintra . E é com muito gosto que aqui faço publicidade a esta estação, 91.2 FM no distrito de Lisboa, não só por colaborar nela mas também porque a primeira impressão com algumas das pessoas que a representam. Aos leitores do Sul que frequentem o blog aconselho vivamente a sintonização do vosso rádio na frequência indicada. Caso tal não vos seja possível, por motivos de morada, localização ou disponibilidade podem fazê-lo através

Alvalade XXI

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O Sporting Vitória de Setúbal marcou a minha primeira visita a um dos grandes palcos que não o Estádio do Dragão. Apesar de todas aquelas cores me levarem a pensar que o Alvalade XXI seria folclórico de mais, o impacto foi surpreendente. A mistura de cores não é exagerada e a conjugação do verde com o amarelo está muito bem concebida. Uma das diferenças em relação aos estádios convencionais é a existência de uma sala de convívio para os sócios convencionais, algo de que comummente só se usufrui na zona VIP. Quanto ao jogo em nada correspondeu à imponência do estádio. O Sporting oscilou entre períodos de fraca superioridade e outros de controlo de bola simples, sem ter a clarividência exigível para atacar o Vitória devidamente. A equipa de Setúbal, com os poucos argumentos que possui, foi gerindo o seu jogo sob o jugo do adversário, ainda mais quando ficou privada de um jogador. A expulsão seria a decisão mais acertada mas não dirigida ao guarda-redes. E este é, provavelmente, o momento

Setúbal

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Setúbal é uma cidade diferente. Quase totalmente plana e com poucos dos mais do que conhecidos sinais nefastos da modernização (não deixando de ser moderna) fica perto de quase tudo. No entanto, não é a utilidade da localização que mais interessa, antes sim o ambiente diferente que lá se vive. Não sendo uma cidade como Porto ou Lisboa não é necessária nenhuma das preocupações comuns a estas. Além disso, tem um clima extremamente agradável principalmente para quem mora no Norte. Quanto a problemas de gestão urbanística tem alguns, como todas as cidades, mas nada comparável à organização caótica das metrópoles.  

Cascatas

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Para os lados de Arouca - não convém divulgar o lugar ao certo não só pela morosa descrição que se seguiria, mas principalmente para que aquilo não se torne num resort de luxo - existem umas cascatas e umas lagoas que, como atesta a fotografia, deslumbram qualquer um. Apesar de não haver vigilância e um eventual acidente tornar-se, por esse mesmo motivo, substancialmente mais grave, valem a pena todos os esforços, cuidados e atenções necessários para que nada de mal aconteça enquanto se usufrui da água límpida e da paisagem acinzentada pelas rochas que, quais concessões balneares, dão apoio aos banhistas que as visitam.  

Reminiscências

O jogo do FCP contra o Rio Ave foi desesperante, não tanto pela tardia abertura do marcador mas principalmente pelas aves agoirentas que lá pairavam (leia-se sentada ao meu lado). Ora um gritava perante a inoperância dos atacantes, ora outro reclamava com a calma do treinador. O facto éque todos concordavam que o FC Porto se encontra ainda na mó de baixo, reminiscências da época transacta. O rasto de Mourinho ainda lá paira. A maioria dos sócios pagaria substancialmente mais pela cadeira em que se sentam só para ver Mourinho numa outra bem mais importante. Contudo, conforme a inscrição à entrada do falecido Estádio das Antas «os homens passam, o clube permanece» (cito de cor). Por isso, se algo haverá a reclamar é com o tempo. A equipa ganhou, como é exigível, por uma margem acima do normal nos dias de hoje e encheu os olhos aos adeptos com uma boa exibição. Os golos vieram tarde? Todos os jogos fossem assim...

Ilhas

Há umas semanas um artigo meu foi publicado na revista SÁBADO nas páginas destinadas a participações dos leitores. Este artigo abordava a influência da imagem no sucesso das relações interpessoais e citava José Mourinho e David Beckham como exemplos, também citados pela revista, de boa imagem em prol do sucesso social. Este mesmo assunto merece ser visto das mais variadas perspectivas uma vez que pode ser determinante para cada um de nós. Se a imagem não é fundamental, uma vez que o interior devia ser o facto com mais peso qualitativo, é a única que é transmitida à vista desarmada e sem conhecimento prévio. Daí as boas e más impressões obtidas de forma instantânea. Deste modo, tanto Mourinho como Deco, por exemplo, são diferentes do geral em termos de postura. Mourinho através do empenho profissional e do melhoramento gradual da imagem atingiu o topo. Deco, em detrimento de valores financeiros mais elevados oferecidos pelo Chelsea, escolheu Barcelona em perseguição de um sonho. Tanto

Viagem Medieval

Todos os anos, por esta altura, na Vila da Feira, é recriada uma feira medieval . Bancadas, barracas, tabernas, cortejos, desfiles, cavaleiros, bobos, animais, jogos, enfim, tudo tal e qual a época que se celebra. Apesar dos atrasos existentes na Idade Média havia alegria entre o povo e muitas peculiaridades extremamente interessantes. Estas são revividas ao pormenor na Vila da Feira, bem perto do hospital. Este ano, aquilo que mais me despertou a atenção foi uma banda que desconhecia, uma banda de rua a "usar" os sons da época com tal arte e destreza que prendia muitos dos visitantes à sua volta. Os sons, os cheiros, as cores, o contraste com a noite e tudo, tudo o que rodeia o visitante interessado torna o ambiente estonteantemente inebriante ao ponto de não se querer abandonar o local tão cedo. A repetir, e repetir, e repetir…

Marcas de qualidade

Há pessoas que nos marcam. A nossa vida passa a ter uma marca indelével, facto do qual nos apercebemos ainda antes da solidificação temporal por que todos passamos obrigatoriamente. O aumento dessa ligação afectiva, que apelido de atracção psico-intelectual , torna-se premente, quase estritamente necessária. Há riscos? Com certeza, como em tudo na vida. No entanto, a única coisa que se pode realmente temer é que, dos dois envolvidos, um não perceba o sentimento que o outro lhe dedica. E isto não significa necessariamente falta de compreensão ou desinteresse. Antes, o real significado dessa atitude será a necessidade de protecção de si mesmo, a tentativa de não ir onde o outro não quer. É claro que nada disto implica mais do que uma pura, profunda e extremamente estimulante amizade. E se outro não percebe? Nada de desesperos. As nossas atitudes só têm de demonstrar o que sentimos e evitar confusões. Então tudo se resolverá pelo melhor.

Idade presidenciável

A idade é, ninguém duvida, um posto que, merecendo mais atenção do que aquela que, por vezes, lhe é concedida, não deixa de ser extremamente delicado. Não se prevê que este post seja uma dissertação acerca dos valores implementados quanto ao tratamento dos mais velhos. O tema é a presidência. Cavaco ou Soares? Cavaco traz consigo uma enorme vantagem por ser mais novo. A idade por si só não é uma vantagem, mas por certo pesará no acto de voto de muita gente. Contudo, a experiência de Soares como figura maior do nosso país, considerado até por Miguel Sousa Tavares "o melhor PR da primeira e segunda Repúblicas", pode também traduzir-se numa maior afinidade dos mais velhos e numa tentativa de "homenagem" por parte dos mais novos. Quanto a mim, Soares ganhará caso tudo se desenrole no percurso normal. No entanto, após as incoerências subjacentes á decisão de se candidatar Soares corre o risco de perder uma parte da sua credibilidade. Afinal não foi ele que disse que se d

TRELAB

As duas semanas transactas, nas quais frequentei um estágio sobre tratamento de resíduos laboratoriais no ISEP, foram, sem dúvida, das mais ocupadas que alguma vez tive. Não só o estágio, como também os exames nacionais e a candidatura à Universidade, tornaram estes quinze dias muito intensos, seja a nível físico ou psicológico. Ainda assim, o que restará na memória depois de muito tempo, ainda além do período longo durante o qual espero reter toda a informação apreendida, serão os laços de amizade e admiração construídos por uma convivência de valor inestimável. Se o que digo soa a repetição - uma vez que as despedidas se têm tornado quase consecutivas - e este post parece ser do mesmo teor de qualquer outro desenganem-se os que pensam que me tornei emocionalmente frágil ao ponto de sentir as situações mais intensamente do que merecido, porque tal só acontece quando é realmente indispensável. Por isso, para aqueles que me acompanharam no TRELAB, sem excepção, que criaram o ambiente ne

Pomar preguiçoso

Após uma pausa longa, convém sempre reentrar com a leveza de um assunto que, embora sério, seja pouco comprometedor da nossa intelectualidade. Assim, deixando para trás atentados, política e futebol - para este último há-de chegar a hora - falemos de preguiça. Uma das conversas deste longo dia de hoje, entabulada por entre candidaturas, estágios e muito, muito sono, tocou este mesmo tema. A preguiça dos portugueses não é senão uma tentativa de esquecimento daquilo que nos tem vindo a rodear ao longo dos tempos, num país em que se sobrevive mais do que se vive. Sobre este mesmo tema disse Júlio Pomar, um dos expoentes portugueses ao nível da pintura, que é «imensamente preguiçoso». A sua definição de preguiça é, no mínimo, curiosa ou não fosse ela ocuparmo-nos com a desocupação, o que constitui por si só uma incongruência. Será Pomar um mau exemplo para muitos destes jovens que por aí acordam todas as manhãs, por afirmar que «é gostoso deixar a cabeça ir para onde ela quiser, ou não ir

Londres

Mais uma vez, um qualquer grupo terrorista (para quê separá-los se todos fazem o mesmo?) atentou contra o sossego e o bem-estar de uma das maiores civilizações mundiais. Se um país como Inglaterra se perde com um atentado assim, sem querer desvalorizar a tragédia, como poderão reagir possíveis visados com recursos muito abaixo destes? É preocupante a vontade dos líderes terroristas em tornar o caos o seu aparelho de transmissão, o mensageiro dos seus ideais fundamentalistas e repugnantes. Hoje foi Londres, outro dia poderá ser noutra cidade, noutro país. A atenção, apesar da enorme dificuldade em mantê-la nestes casos, é fundamental. E como nas doenças o mais importante é a prevenção.

Cinzento

Liberdade. Todos nascemos presos, quanto mais não seja pela incapacidade de voar como alguns animais ou correr a velocidades estonteantes como outros. A nossa liberdade, foi dito um dia, depende claramente da dos outros. Por isso, é necessário também digladiarmo-nos por ela. Se a fronteira se aproxima de mim, então estou a perder terreno. Há que pegar na fronteira e forçar. Se não o fizermos as fronteiras tapar-nos-ão e deixaremos de enxergar o que quer que seja. Desapareçam as melhores coisas que temos: o Sol, a Lua, a amizade, o amor, as flores… Mundo cinzento? Outra coisa não seria de esperar. Temos de o pintar o mais tardar agora. Depois pode ser tarde de mais. E enquanto pintamos, alargamos fronteiras.

Goucha versus Winfrey

Sempre fui dos que protege Portugal contra os temíveis invasores estrangeiros que, quais turistas atentos, não levam só as boas recordações mas também as más que, de resto, tendem a exagerar. Quando de cá saí pela primeira vez percebi porquê. As diferenças são tão nítidas que não valem sequer o esforço de enumerá-las. Ainda assim, continuo a defender Portugal. É um país bonito, com situações de rara e crassa estupidez, mas também de gente acolhedora e exportador grandes cérebros. As referidas diferenças encontram-se até nas coisas mais insignificantes. O seguinte exemplo bastará. No seu programa, Manuel Luís Goucha tem como hábito fazer várias ofertas, como rosas e coisas do género. No caso de Oprah Winfrey oferecem-se carros a todos os assistentes! Se aqui a disparidade é mais do que evidente continua, ainda assim, a ser aceitável. Ou não fossem os portugueses a ter de estreitar a cintura…

Um sorriso na cara, por favor

Outro conto: Nos primórdios da Antiguidade havia um sábio, muito velho, junto do qual todos se aconselhavam. As palavras proferidas por tal homem tomavam importância de profecia e, segundo alguns relatos, se o aconselhado cumprisse o conselho era com certeza bem sucedido. Acontece que a fama do velho passou de tal forma de geração em geração que um dia, já na nossa era, uma menina triste decidiu voltar ao passado para sentir o conforto da voz gutural do sábio. Eis o que acontecera: um desgosto de amor, uma história irreflectida de abandono e o posterior sofrimento daí decorrente. Quando, depois de abandonar a sua época e atravessar as raízes mais profundas do tempo, a menina se sentou ao lado daquele homem, desgastado pelas eras e pelo cansaço, mas sempre vigoroso na arte de aconselhar, ouviu: - Filha, não te preocupes. Se assim aconteceu, então tinha de acontecer. Agora resta-te viver o resto da tua vida, em frente, de cabeça levantada, sempre com um sorriso nos lábios. Se tal não for

Alma do poeta

Para o poeta os olhos de ninguém são um vidro. O poeta vê a essência interior até pelo olhar. Sofre mais por isso, porque vê e sente o sofrimento dos outros. Ainda bem. Sem ele o mundo seria bem mais triste.

Vasco Gonçalves, Álvaro Cunhal, Eugénio de Andrade

Três grandes vultos da nossa história despediram-se de nós. Sendo que me sinto, como é lógico, mais ligado às Letras do que à Política a morte de Eugénio de Andrade toca-me mais. Perde-se a rigidez militar de um ex-Primeiro Ministro, a força do sangue revolucionário de um guerreiro, a rima livre e cadenciada de um dos maiores poetas do nosso tempo. Ficam as memórias. Bem guardadas em todos nós.

Avante camaradas, que o Mundo é nosso!

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Tudo o que se passou na quinta-feira deixou-me, como viram, muito sensibilizado. O "discurso" que fiz saiu fraco porque o nó na garganta era asfixiante, mas transpareceu a intenção ("Avante camaradas, que o mundo é nosso!"). Por esta razão, aqui vos deixo o relato sentido de tudo o que vivi por vossa causa. Este fim-de-semana, depois de sair do Get It, fui, como vos tinha dito, para Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco. O calor abrasava tudo à nossa volta, mas a maior ardência vinha de dentro, das saudades que tinha e tenho de vocês. Foi por isso que comi menos, dormi menos e sonhei muito mais. Na sexta, chorei como não me lembro de ter chorado e, num parque infantil, sentado no baloiço voava em direcção ao céu de olhos fechados sorvendo o ar em redor e vi as vossas caras uma por uma, professores incluídos. Ao longo dos três dias agi sempre com vista à recordação: bebi Vidago de maçã, passei por uma terra chamada Nisa (recordando numa, todas as pessoas),

2.000

Não posso deixar passar despercebida a chegada aos 2 mil visitantes. Gostava de saber quem foi, mas tal é improvável que aconteça. Assim, espero daqui a um ano ser obrigado a congratular-me convosco, leitores assíduos e circunstânciais, que colocaram ali naquele cantinho um número tão redondo quanto bonito. Parabéns a vocês!

Onde se fala de cotovelos, competição e muito mais

È com muita pena que vejo que as coisas nem sempre são o que parecem. Que as aparências iludem todos sabem, mas que as pessoas se tornem diferentes por coisas tão insignificantes é que é incompreensível, se não inadmissível. Pois não é que depois de ter ajudado uns, acompanhado outros, e gostado de todos, quase me apunhalam pelas costas? Aqui, no entanto, ninguém pode tocar-me com o espectro da censura e sou, portanto, livre de dizer o que quero, o que me apetece e até o que não devo. Não o faço por respeito àqueles que não merecem ouvir o que não lhes é destinado. Acontece que a competição, quando saudável, é bonita e estimulante, mas quando doentia, torna-se completamente desinteressante e estúpida. Hoje, por causa de "cotovelos ensanguentados" ou seja pelo que for, perdi um valor numa nota. Fica aqui a promessa de que não deixo passar mais nenhuma destas situações impune, nem que para "estancar o sangue dos cotovelos lhes tenha de amputar os braços". Doa a quem d

Feira dos Minerais

A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto realizou, nas suas instalações da Praça dos Leões, uma Feira dos Minerais. Por ser a primeira que visitei foi diferente, mas confesso que cansa ver tanta pedra junta. Umas muito bonitas, outras nem tanto, mas o meu conselho para estas situações é: olhem primeiro para a pedra e só depois para o preço, porque se fizerem ao contrário é certo que vão achar a pedra feia. Apesar disso ainda me obriguei a mim mesmo - não podia sair de lá sem o fazer - a comprar uma recordação. Entre ovos, conchas e outras pedras gastei quase 30 €. Por fim, fica a nova experiência, a repetir, e a noção de que mesmo o inerte é bonito, se for visto em vez de olhado.

Il Divo

Que eles eram um portento da música já toda a gente sabe, mesmo quem não aprecia. Contudo, foi comovente vê-los interpretar a estrofe final de Regressa a mí em português. Quatro vozes tão diferentes entre si, estilos tão distintos e uma interacção tão equilibrada e cantada em português. Enfim, pena não ter gravado, porque com certeza não se repetirá muitas vezes.

Feira do livro

A Feira do Livro abriu hoje. É sempre um espaço onde se respiram letras, um perfume a páginas escritas, umas mais antigas outras nem tanto, ou seja, um perfume quente do passado ou um outro mais fresco do presente. Foi lá que, no ano passado, comprei o Código Da Vinci e passado um ano vejo o entusiasmo sobre Dan Brown de uma forma bem diferente. Se foi, com o primeiro romance bombástico, considerado um brilhante escritor, agora, caindo no erro da repetição do formato em Anjos e Demónios mostra uma dose fraca de pensamento divergente. Pode ser que mude, pode ser que não…

Semana negra do desporto

O tempo é escasso e não me permite, portanto, alongar-me aqui tanto quanto seria desejável. No entanto, em poucas linhas é possível fazer um resumo de tudo o que se passou desde 6 de Maio, data do último post. No desporto, o panorama foi negro. Portugal perdeu a final do futebol de praia para a França de Cantona após um penálti na barra, executado por Alan (logo ele); o FC Porto perdeu a final da Liga dos Campeões de hóquei em patins com o Barcelona depois de ter estado a vencer por 1-0; o Sporting perdeu a final da Taça UEFA contra o CSKA de Moscovo por 1-3, tendo estado a ganhar por 1-0 e deixando para trás a oportunidade única e irrepetível de vencer uma competição europeia em casa… Tudo isto numa semana! Ainda assim acredito que o FC Porto vencerá a Superliga com a ajuda do Boavista, que não tem vindo a jogar bem nas últimas jornadas, mas que suporta nos ombros o peso de decidir um campeonato, acrescido da tristeza dessa decisão não poder ser a seu favor. Dentro de outras dimensões

Liga dos Campeões

Mourinho perdeu. Ao escrever estas duas palavras, o sistema de correcção do Word diz que são incompatíveis e, subsequentemente, sublinha-as a verde. Contudo, não posso explicar ao computador que quando se trata de futebol, decisões arriscadas, penálti não marcados e coisas do género até podem, em casos de extrema raridade, ser compatíveis. E foram. O Chelsea mereceu, mas quem ganhou foi o Liverpool. Anda assim, ninguém tira a Mourinho o carisma, nem tampouco, os restantes títulos. E a qualidade essa, tê-la-á durante muito tempo.

Paixão esclarecida

O facto de se escrever como simples sujeito poético pode, como se vê, gerar mal entendidos. Ainda que isto não me preocupe, é natural ser meu desejo ver as coisas esclarecidas. A posição que deveria tomar ao negar qualquer paixão da minha parte seria perigosa, ao ponto de despoletar reacções de desconfiança. Por isso, confirmo: estou a apaixonado, mas pela vida, nada mais.

Futebol

Parei, durante algum tempo, de falar em futebol. Primeiro, porque é o assunto de café mais comum e objectivo deste blog é elevar-se bem mais alto. Ainda assim, é possível falar sendo visto ainda de baixo para cima, não desfazendo, é claro. O campeonato não anda, como muitos gostam de afirmar, ao rubro. Ao rubro estaria se a diferença pontual fosse mínima porque todos ganhavam e eram raras as derrotas. Ora, como se pode constatar, a margem é mínima mas quanto às vitórias… Pode realmente dizer-se, pensando bem, que anda ao rubro, mas este é um rubro mal avaliado, quase falacioso, tabelado por baixo. Ganhe quem ganhar, nunca será merecedor (excluindo talvez o Braga, hipótese mais real do que ilusória). Compete ainda reconhecer que se o vencedor não se renovar, tal não é por excelente mérito dos adversários em redor, mas porque o FCPorto deixou escapar a mais declarada das hipóteses de dar várias voltas de avanço à concorrência. E, é verdade, não estará Couceiro a fazer pior que os outros

Por ti sinto o sangue a ferver

Tu. Por ti sinto o sangue a ferver, Não de amor mas de desejo. Talvez seja simples ensejo, Mas só de ver. Só de ver. Em perguntas me perco, A mim mesmo me cerco, Tentando tapar-te com a peneira. Mas como o Sol tua luz se esgueira E volto a perder-me em ti. Por ti sinto o sangue a ferver. Sim, por ti que estás a ler. Fernando Miguel Santos 11/04/05

Levo o Mundo às costas

Levo o Mundo às costas. Converso com ele, Sinto-lhe a pele, Mas não responde. Não sei porque se esconde, Logo agora que o levo às costas, Por meio de vales e encostas, Até das escarpas mais afiadas Por enormes gigantes talhadas. Será melhor ficar a ver? Não! Seria deixar de viver! Fernando Miguel Santos 11/04/05

Espartilhados

África. Terra de desprendimento onde ainda reina a lei da selva. Europa. Terra de desenvolvimento onde reina a lei do espartilho. Será que não podemos viver na feliz anarquia dos africanos, ainda que aproveitemos o nosso desenvolvimento para nos protegermos contra as calamidades do seu continente? Quando falo em feliz anarquia não quero ferir susceptibilidades, mas a verdade é que a profusão de leis nos leva a taparmos os nossos próprios sonhos em detrimento de regras que, na prática, nem terão o cumprimento desejado. Não existem tantos casos de fraude a essas mesmas leis? Para que servem então, senão existe previamente uma educação da população, um alertar para que se movam em torno do que é certo e não se fuja com subterfúgios cínicos e corruptores? Não são muitas as vezes em que se pode exprimir o desejo mais interior e, mesmo quando se pode, a sociedade reprime-o, sem deixar que ganhe raízes, por vezes lícitas, para que não se torne numa epidemia de liberdade. E há tanta gente que

Um ano

Despercebido. Foi assim que passou, incólume, o primeiro aniversário do blog. Não que seja facto para grande celebração mas que é importante, isso é impossível negar. Contudo, entre preparativos de viagens e férias tiradas um pouco a mim mesmo acabou por cair no esquecimento. Há um ano e alguns dias criei um companheiro, quase um amigo invisível, que me expõe, no fundo, a quem o procura, mas acaba por ser um confidente importante. Como se aprende, seja egocentrismo intelectual ou não, é engraçado e é bom, para mim e, acredito, também para os outros. Não se podem fazer promessas, mas se mais um (porque não mais?) ano se puder manter visível, tanto melhor. Ainda por cima agora que o estado de graça é maior. Bem haja o Fiel Depositário, ainda tão jovem mas já tão maduro.

Lloret de Mar

Há muito que já não escrevo, mas agora a razão é imperativa. Hoje acabaram as férias e com elas a viagem a Lloret de Mat. Foi bom? Não, foi muito bom. Mais do que isso. O sono é, agora, muito ao contrário do que por lá se passou, mas tudo se há-de recompor com uma reconfortante passagem pela cama. Já os sonhos, esses vão ser com luzes, sons, pessoas e, fundamentalmente, não vai haver pesadelos. Assim é que deve ser. Sempre.

Música de massas

A música move massas. Muitas vezes as massas não dão por ela, porque gostam, porque descontrai, mas que move muita gente lá isso… Tony Carreira encheu o Olímpia de Paris e os dois coliseus portugueses sem muita dificuldade. Os U2 preparam-se para encher Alvalade com a febre que também acompanhou a compra dos bilhetes. Muito mais se poderia dizer. Para quê? Não chegam estes dois exemplos? E fala-se em crise…

Gripe e cabo

Pode parecer incrível como uma semana, quase duas, de cama nos atrasam a vida. No entanto, a doença tem coisas boas e alguns vícios. A cama é viciante, a televisão é viciante, enfim… Na minha convivência com o vírus da gripe revelei-me um pouco dependente do AXN, canal por cabo que transmite algumas séries já sobejamente conhecidas. A programação é boa, sequência e as repetições oportunas que mostram como uma grande estrutura internacional pode sustentar um canal. Explicação? É Sony.

Legislativas

Pois bem, já foi há algum tempo. No entanto, a vitória do PS merece um comentário, mesmo que tardio. A maioria absoluta é, e isto não é novo para ninguém, algo que indica responsabilidade e é de certa forma um caminho sem saída: ou se termina o caminho da melhor forma ou com um desastre, sem que a culpa possa ser depositada em terceiros. Desta forma, de José Sócrates é esperado um governo calmo, condizente com a campanha que, sem inúmeras promessas, lhe dá também uma maior liberdade de manobra. Quanto a PSL e PP, assumiram cada um à sua maneira a responsabilidade pela derrota. No fundo, saíram de cabeça levantada ao assumirem que o país, de olhar no chão, quer horizontes diferentes. No caso de Louçã e de Jerónimo de Sousa assistiu-se a duas vitórias que se podem revelar proveitosas e/ou perigosas. Veremos.

Isak Dinesen

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God made the world round so we would never be able to see too far down the road. Isak Dinesen  

Tela

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A paisagem encerra-se na tela. A vida também. 

O verde entrançado destas montanhas

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O verde entrançado destas montanhas Liberta Sol p'ra todos que lá passam, Os mesmos que com elas muito engraçam, Com seus vales, proezas ou façanhas. Por cima deste manto de verdura Quem me dera p'ra sempre caminhar. Quero aqui permanecer e ficar Onde nada se esgota e só perdura. Fernando Miguel Santos 07/02/05  

William Shakespeare

Sonnet XVIII Shall I compare thee to a summer's day? Thou art more lovely and more temperate: Rough winds do shake the darling buds of May, And summer's lease hath all too short a date: Sometime too hot the eye of heaven shines, And often is his gold complexion dimm'd; And every fair from fair sometime declines, By chance or nature's changing course untrimm'd; But thy eternal summer shall not fade Nor lose possession of that fair thou owest; Nor shall Death brag thou wander'st in his shade, When in eternal lines to time thou growest: So long as men can breathe or eyes can see, So long lives this and this gives life to thee.

Chegada

A sonda Huygens chegou a Titã, o maior satélite de Saturno. nunca nenhuma sonda tinha ido tão longe. Receber-se-á, agora, informação importantíssima para a compreensão e o estudo da Terra. E não só. O Homem vai cada vez mais longe, mas ainda há problemas aqui bem perto.

Lord Byron

She walks in beauty She walks in beauty, like the night Of cloudless climes and starry skies; And all that's best of dark and bright Meet in her aspect and her eyes: Thus mellow'd to that tender light Which heaven to gaudy day denies. One shade the more, one ray the less, Had half impair'd the nameless grace Which waves in every raven tress, Or softly lightens o'er her face; Where thoughts serenely sweet express How pure, how dear, their dwelling-place. And on that cheek, and o'er that brow, So soft, so calm, yet eloquent, The smiles that win, the tints that glow, But tell of days in goodness spent, A mind at peace with all below, A heart whose love is innocent!

O Clube dos Poetas Mortos: Poemas

O Captain! My Captain! O Captain! my Captain! our fearful trip is done, The ship has weather'd every rack, the prize we sought is won, The port is near, the bells I hear, the people all exulting, While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring; But O heart! heart! heart! O the bleeding drops of red, Where on the deck my Captain lies, Fallen cold and dead. O Captain! my Captain! rise up and hear the bells; Rise up - for you the flag is flung - for you the bugle trills, For you bouquets and ribbon'd wreaths - for you the shores a-crowding, For you they call, the swaying mass, their eager faces turning; Hear Captain! dear father! The arm beneath your head! It is some dream your head! It is some dream that on the deck, You've fallen cold and dead. My Captain does not answer, his lips are pale and still, My father does not feel my arm, he has no pulse nor will, The ship is anchor'd safe and sound, its voyage closed and done, From fearful trip the victor ship co

Pormenores

A vida é feita de pormenores. Como tal, não seria justo deixá-los passar em branco. Os meus pormenores diários são algo que leio, que vejo, que ouço, enfim, que faço. Recentemente, li com grande avidez um livro que só porque me foi oferecido me chegou às mãos. Provavelmente, estando ele numa prateleira nunca lhe pegaria. Perderia assim um dos melhores romances que já li. Por favor não matem a cotovia , de Harper Lee, conta a história de uma pequena terra americana do tempo da escravatura pelos olhos de uma criança. A inocência da criança ao relatar todos os pormenores da sua vida e da dos outros torna o livro indescritível. A recordação da infância é, para a grande maioria das pessoas, uma grande alegria. Os seus pormenores ficarão para sempre gravados em nós. Por isso, recordo tardes e tardes a ver, rever e voltar a ver as aventuras de Tom Sawyer , de Mark Twain, adaptadas a desenho animado. Os downloads facilitaram tudo e agora é-me possível rever todos os fantásticos episódios desta

Viver por poder ser

Ser livre como um pássaro. Poder ser lento como uma tartaruga. Ser uma preguiça. Ter autoridade de leão. Ter pujança de jaguar. Ver mais longe como a águia. Ser mais forte que um gorila. Levar os esforços além do imaginável. Conseguir o que se quer. Imaginar o que não se quer. Viver sem viver. Pensar em viver. Sentir sem olhar. Sentir sem cheirar. Sentir sem comer. Sentir sem tocar. Sentir sem ouvir. Sentir por sentir.

Traição natural

A tragédia que se abateu sobre a Ásia é um assunto, por mim, difícil de abordar, o que explica o comentário tardio. Isto acontece porque, ao contrário das guerras e de algumas outras tragédias, não há um culpado. No 11 de Setembro foi fácil apontar o dedo a Bin Laden; na Guerra do Golfo II dois dedos apontam, um para Bush outro para Saddam… No caso do tsunami é impossível achar alguém que tenha culpa, alguém que carregue com a raiva das vítimas, alguém a quem blasfemar em caso de desespero. Também ao contrário de outros casos aqui houve uma traição. As Torres Gémeas caíram pela força de um inimigo cobarde, que se escondeu no próprio território-alvo urdindo o seu malévolo plano; a guerra no Iraque não foi mais do que uma entrada de rompante de um inimigo mas, mesmo assim, à vista de todos. Já as ondas que varreram a costa desses desgraçados países asiáticos usaram de traição para com as vítimas. Silenciosamente, recuaram. Depois voltaram e, aparentemente, fizeram-no como sempre. No enta

O rei na barriga

Todas as semanas, à sexta-feira, recebo a revista Sábado pelo correio, como assinante que sou. Lá dentro, de entre várias participações interessantes encontra-se a de José Pacheco Pereira. Corro, ao contar o que se segue, um risco enorme de ferir o meu blog de morte, visto ser o do referido o mais visitado e, portanto, ele uma pessoa reconhecida. Como escrevi um dia num daqueles cadernos viajantes, na minha humilde e modesta opinião, "o verdadeiramente talentoso é aquele que não se orgulha do seu dom". Ora, é exactamente este o ponto. JPP é, todos o sabem, um dos grandes intelectuais do país. Felizmente, e digo-o sem ironia, em Portugal há bastantes e de grande qualidade. Contudo, JPP tende, não raras vezes, a opinar com tal determinação que dá a entender que, como Atlas levava o Mundo aos ombros, também ele leva a inteligência às costas. A riqueza do nosso português (a língua, não Pacheco Pereira) permite-nos dizer algo de maneira leve que dito de outra forma seria chocante.