Pomar preguiçoso

Após uma pausa longa, convém sempre reentrar com a leveza de um assunto que, embora sério, seja pouco comprometedor da nossa intelectualidade.
Assim, deixando para trás atentados, política e futebol - para este último há-de chegar a hora - falemos de preguiça. Uma das conversas deste longo dia de hoje, entabulada por entre candidaturas, estágios e muito, muito sono, tocou este mesmo tema. A preguiça dos portugueses não é senão uma tentativa de esquecimento daquilo que nos tem vindo a rodear ao longo dos tempos, num país em que se sobrevive mais do que se vive.
Sobre este mesmo tema disse Júlio Pomar, um dos expoentes portugueses ao nível da pintura, que é «imensamente preguiçoso». A sua definição de preguiça é, no mínimo, curiosa ou não fosse ela ocuparmo-nos com a desocupação, o que constitui por si só uma incongruência. Será Pomar um mau exemplo para muitos destes jovens que por aí acordam todas as manhãs, por afirmar que «é gostoso deixar a cabeça ir para onde ela quiser, ou não ir para lado nenhum»? Talvez, mas sendo ele o vulto cultural que é tem mais do que legitimidade para isso.

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