O rei na barriga

Todas as semanas, à sexta-feira, recebo a revista Sábado pelo correio, como assinante que sou. Lá dentro, de entre várias participações interessantes encontra-se a de José Pacheco Pereira. Corro, ao contar o que se segue, um risco enorme de ferir o meu blog de morte, visto ser o do referido o mais visitado e, portanto, ele uma pessoa reconhecida.
Como escrevi um dia num daqueles cadernos viajantes, na minha humilde e modesta opinião, "o verdadeiramente talentoso é aquele que não se orgulha do seu dom". Ora, é exactamente este o ponto. JPP é, todos o sabem, um dos grandes intelectuais do país. Felizmente, e digo-o sem ironia, em Portugal há bastantes e de grande qualidade. Contudo, JPP tende, não raras vezes, a opinar com tal determinação que dá a entender que, como Atlas levava o Mundo aos ombros, também ele leva a inteligência às costas. A riqueza do nosso português (a língua, não Pacheco Pereira) permite-nos dizer algo de maneira leve que dito de outra forma seria chocante. A isto se chama eufemismo. Pacheco Pereira não usa eufemismos. Diz o que tem a dizer, sem rodeios nem pudores, o que se traduz em discursos muito lúcidos, acutilantes e de muito boa qualidade e em outros de claro desrespeito para a pessoa em causa. É evidente que este desrespeito se manifesta apenas nas suas palavras e não se quer com isto afirmar que ele desconsidera a pessoa em causa.
Apesar de tudo isto, que não deixa de ser uma crítica construtiva, é dos artigos que leio com mais interesse. Por vezes, aí está o mal, ainda me faz torcer o nariz…

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