Chuva de Primavera: o mensageiro real

A Primavera começou com chuva. Quem ler isto vai pensar que, como não tenho mais nada que fazer, escrevo sobre o tempo assim como as pessoas fazem com as conversas cujas engrenagens rangem num limbo de silêncio.
A verdade é que, realmente, a Primavera não começou com o despontar de flores, as aflições dos pólenes em voar para longe, nem a presença de andorinhas irrequietas. Começou com chuva.
O chão está molhado lá fora e eu, eu preferia ficar aqui a ver o que quisesse a fazer o que quisesse, a escrever o que me apetecesse. Mas tenho de ir para a Universidade, quanto mais não seja para marcar presença quando muitos dos professores mais não fazem do que isso: marcar presença lendo, coisa que eu poderia fazer em casa, a ouvir a chuva. E que isto não signifique para ninguém um estado deprimido, pois nunca foi depressão querer manter a roupa seca, querer ter tempo para aquilo que é nosso e não para o resto que nos é impingido ainda que o objectivo seja de comum acordo.
Vou sair, claro, mas a chuva, se me apanhar, vai perceber que não me devia tocar. Não vou sorrir para ela, hoje não. Hoje só sorrio se o sol aparecer.
É Primavera, o sol está a chegar, e este ano escolheu a chuva como mensageiro.

Comentários

Anónimo disse…
Então e o sol apareceu?