Relato: três dias

Passaram dois dias desde a apresentação do livro de Maria Bochicchio, O Paradigma do Pudor. Com pianistas e sopranos, a presença de João Pereira Coutinho e de Arnaldo Saraiva, um final com Porto de honra e muita expressão do que é a arte da filologia e a actividade académica literária de topo… Afinal, falar sobre José Régio, ou melhor, construir obra acerca de uma outra não é facto de deixar passar despercebido. E pensar que uma italiana olha para Portugal como sendo fonte de inúmeros génios literários (entre outros) devia fazer-nos rever a noção de que tudo está absorto em escuridão. Algumas mentes estão, mas eis que lhes aparece uma lanterna vinda do estrangeiro e ilumina aquilo que poderia ser um pano negro a cobrir uma janela poeirenta.
Ontem, uma tarde repleta de actividades de relaxamento exceptuando uma discussão em torno de hábitos de conduta em relacionamentos íntimos. A razão de ser do contraditório é a expressão própria de quem fala; ora se diz uma coisa, ora se acha outra, talvez só porque a sociedade nos incute que temos de ter valores. Só não explica quais.
Para restabelecer corpo e mente, boas companhias à noite e a passagem pelo Act. E termino este relato dos últimos dois dias dizendo que o fiz apenas por vontade extemporânea, pois não pretendo que o Fiel Depositário se torne num diário como os de antigamente, sem desprimor para estes e para o género que encerram. Afinal, o meu blog é a mais acessível e mais imediata de todas as minhas manifestações literárias.

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