Silenciado

Escrevia eu há dias algo sobre a censura dissimulada, aquela que dispensa o carimbo do Regime, mas que, sub-repticiamente, barra opiniões e ideias, permitindo a quem domina continuar a sua actividade sem que algo afecte os seus propósitos. Pois bem, coincidência ou não, deu-se o já famigerado caso do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que foi "calado" por um ministro, muito provavelmente de menor valia que o, agora, ex-comentador. Pacheco Pereira falou, em entrevista à TSF, em "delito de opinião", que considera só poder existir nas ditaduras. É, então, um caso de abuso de poder, uma vez que o Estado devia assegurar e apoiar a "pluralidade", citando Santana Lopes.
No entanto, há algo que continua por explicar: será que Marcelo Rebelo de Sousa sairia da TVI de livre vontade, se lhe fossem concedidas as mesmas condições de outrora? Ou será que algo lhe foi vedado, uma vez ter ele falado de liberdade que tinha?
De uma coisa há certeza. Há-de haver no jornalismo actual uma separação. Como se um pré e um pós-Rebelo de Sousa se definissem. E o melhor é sermos todos muito comedidos. Ou, se não temermos, ao menos façamos como ele fazia: usemos a voz para mostrar a realidade e não para afagar aqueles que esperam que nenhuma maré traga à tona os seus desacertos.

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