O melhor ano




Há imensas razões para festejar a vida. Os sucessos, as vicissitudes vencidas, os problemas ultrapassados... Os porquês é que, por norma, ficam atrás dos resultados, escondidos como se fossem "a alma do negócio". Porém, há bem pouco tempo, um amigo disse-me que a razão dos meus sucessos recentes, como seja a mão cheia de concursos que venci a escrever, se deve a uma mudança de atitude e à estabilidade emocional que tenho. Se da mudança de atitude falo muitas vezes, eis que dedico todo este texto à estabilidade emocional que tu, Filipa Cardoso, me proporcionas.
Fez ontem um ano que, entre apresentações quase fortuitas, acabei por reconhecer que éramos namorados. Sem um pedido, facto que não me esquecerei de redimir no próximo passo, acabámos por nos unir numa relação que já era uma inevitabilidade das minhas intenções há vários meses.
Entraste na minha vida como ninguém, quase calada. Sem espalhafatos ou chamadas de atenção. Tu sempre no teu mundo, eu a tentar perceber o que havia de diferente. Quando descobri a pequena primeira parte, porque o resto vou descobrindo todos os dias que passam, apaixonei-me. E isso mantém-se até agora, numa força que faz de ti o que mais preenche o meu coração e o meus pensamento.
A celebração do nosso primeiro ano de namoro, ainda que adequada às exigências do momento, foi perfeita. Isto porque tivemos tudo o que podíamos desejar. Tivemo-nos um ao outro e isso é, em boa verdade, o que é preciso, o que se quer e o que sobra quando excluímos os pormenores supérfluos.
Não posso deixar de lembrar a primeira vez que pousei a minha cabeça no teu ombro, as vezes em que me assustei por más interpretações do que disseste, as vezes em que chorei à tua frente, a vez em que me impediste de atirar as sapatilhas ao rio (onde foram parar as meias...), a relação que criaste com a minha família, as vitórias que consegui graças aos teus incentivos, as derrotas em que me apoiaste e o amor que ambos dedicamos em todos estes momentos.
Posso ter escrito palavras bonitas noutros tempos, porém são palavras que tiveram outra origem. Nestas coisas que constituem a escrita, o pensar e o sentir andam de braço dado, mas a razão é bem diferente da emoção na hora de avaliar o que se pretende. É por isso que estas palavras se revestem de outro significado. Isto acontece porque antes era estritamente necessário dizer ao mundo o que sentia, como que para provar que tinha algo para sentir, como se os meus sentimentos fossem legitimados pela mostra pública. Agora, estas palavras que acontecem não são necessárias, porque basta-me ter-te e saber daquilo que partilhamos. Não é preciso que ninguém saiba, não há nada a legitimar senão entre nós. Um e o outro somos a verdadeira razão de ser do que criámos.
Por esta razão, isto que escrevo é apenas para contar. Não é para provar, porque isso fazemos diariamente. Não é para dar força, porque essa encontramos no quotidiano. Não é para ganhar apoio, porque bastamos um ao outro. Este texto serve, apenas, para contar e para que outros que não sentem o que sentimos possam ter um pequeno travo deste sabor que há entre nós.
Durante este ano, rápido mas tão preenchido, descobri muito. Fiquei a saber que é possível dar prioridade a alguém que não tem o meu sangue, fiquei a saber que há mais dentro da simplicidade, que há mistério para dar e vender e trocar e agarrar (...), que pode haver uma imensidão de mundos dentro de uma só pessoa. Tu.
Pude descobrir que há alguém que consegue aturar os meus devaneios e que há alguém que consegue provocar em mim uma remissão quase instantânea dos erros que cometo. Nada fica para amanhã. E, assim, soube que há um equilíbrio que pede de mim um esforço maior mas que o merece e que não se limita a exigir sem ceder.
Foi também durante este ano que descobri em ti a pessoa com quem quero partilhar o resto da minha vida, a pessoa com quem quero casar.
Agora, vou terminar. Não sinto que esteja a fechar esta carta de amor, daquelas como já não se escrevem, porque vou continuá-la contigo, escrevendo a nossa história passo a passo, acrescentando pormenores, aventuras, filhos, festas, beijos, choros de tristeza, mais choros de alegria e muito, muito mais.
Sabes que mais?
Amo-te muito!


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