Benfica




Na época do Benfica tudo trata de expectativas. A desilusão que agora sentem os seus adeptos é proporcional às ambições que tinham e ao que esperavam, fundamentadamente, de uma equipa que lutou como poucas vezes fez ao longo dos últimos anos.
Contudo, é escusado o alarido que se faz em volta das duas derrotas. E quando falo em alarido refiro-me aos insultos que atravessam as redes sociais, às faces cerradas que se encontram nas faces dos trabalhadores e até à influência que, alegadamente, poderia ter no PIB, segundo alguma iluminada estupidez.
Acontece que sou portista e, a meu ver, o Benfica merecia a Liga Europa. No entanto, se o futebol se regesse pela lei do que joga melhor os golos não serviam para nada. O Chelsea marcou mais golos e ganhou. O Benfica teve mais garra, mais vontade, mas também alguma desatenção num momento que lhes custou caro, com falhas de marcação.
Tudo isto, até os erros, são admissíveis. O que não é admissível é que se crie uma nuvem negra de insultos e outras verborreias.
Em primeiro lugar, o facto de existirem adeptos de outros clubes a festejarem os golos do Chelsea. É bonito? Não, mas também não é feio. É, simplesmente, o que é. Em qualquer país civilizado se encontram adeptos que fazem o mesmo aos seus compatriotas e tal não gera tanta exaltação. O futebol é entretenimento e cada um pode ter a sua opinião, exactamente como ir ver um filme e gostar mais do vilão do que do herói. São gostos.
Em segundo lugar, a classificação do Sporting. O que tem que ver a classificação dos verdes e brancos com as derrotas do Benfica? Um facto legitima ou justifica o outro? Então há que abandonar esses devaneios.
Em terceiro lugar, a imparcialidade. Adepto e imparcial são palavras antagónicas. Salvo raros pormenores e louváveis excepções, não é possível julgar se há sentimentos envolvidos. A vida não é justa, todos o sabemos, por isso basta passarmos à frente.
Em quarto lugar, as boas exibições. É verdade que o Benfica foi brilhante, fez uma época que merecia muito mais, mas o que ficará para recordar são os resultados e um ou outro interveniente mais destacado (como Jesus, merecidamente). O resto ficará para os outros.
Em quinto e último lugar. O que se ganha ao insultar os outros adeptos? Nada e isto deveria servir para todos.
Em suma, deve ser duro acabar assim. Como sonhador que sou consigo perceber alguma da dor que sente um treinador e uma equipa que lutam por algo e o perdem desta forma.
Porém, não se faça disso a queda do céu sobre as nossas cabeças. Para o ano há mais e, já agora, que ganhe o Porto.



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