Gunter Grass

Como já várias vezes me ouviram afirmar, nutro um certo fascínio pelos ditadores. Não nutro fascínio algum pelo seu lado negro, o lado genocida ou homicida, mas sim pela inteligência que possuem e, infelizmente, usam no pior sentido.
Da mesma forma, não me arrelia nem um pouco que Gunter Grass, prémio Nobel da Literatura em 1999, um ano após Saramago, tenha pertencia, ainda adolescente, às SS. O que merece toda a contestação do mundo é o facto de quererem retirar-lhe o Nobel (algo já rejeitado pela Academia). O Nobel premeia o escritor e, talvez implicitamente, a pessoa. Ainda assim, retirar um prémio justo a quem fez tanto pela literatura mundial, a quem o mereceu pela carreira que teve nas letras é desadequado senão mesmo um acto de má fé. E se Grass foi crítico em relação a este tipo de actos condenáveis, como sejam as atrocidades nacional-socialistas, tal como referiu Manuel Queiroz do Correio da Manhã, fez muito bem. Se se refugiou num manto de pretensa inocência, só agora confessando a ligação às SS talvez o tenha feito por ter adivinhado a reacção a que agora assistimos.
Mesmo que concorde que não é pelo génio literário que as atitudes certas ou erradas devem ser distinguidas, nem tampouco ultrapassadas, acho profundamente descabidas todas estas críticas. Criticar sim, atirar pedras não.

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