O meu acidente




A sensação de impotência, quase como se fosse a conduzir uma mota feita de sabão graças ao óleo das estradas, a dor do impacto e as dores de vários dias que se seguem (e ainda se mantêm), as feridas de abrasão feitas pelo deslizar desprotegido no alcatrão... Consequências de quem anda à chuva e, neste caso, não se molha mas cai.
Tudo se passa num milésimo de segundo. O carro que me precede talvez nem se aperceba do erro que comete. E eu caio.
Caio em plena cidade do Porto e quem pára para me ajudar? Um brasileiro preto. Perguntou-me tudo o que devia ter perguntado, esperou que me recompusesse e tentou reconfortar-me. Ainda me ajudou a erguer a mota e viu-me as feridas. Depois, esperou que eu telefonasse a alguém e deixou-me. Nesse dia, talvez tenha chegado atrasado ao trabalho.
Não sou de fazer contas ao que se passa depois, mas esperava contactos de outras pessoas. Os "inevitáveis" fizeram-no, duma forma ou doutra, mas alguns deixaram passar ao lado. Talvez seja por ninguém lhes ter contado, espero...
Escrevo isto ainda com dores, embora já me levante da cama com mais destreza. O Zaldiar ajuda a aguentar estes dias.
Na cabeça lateja o desconforto de não ter posição para o meu corpo e as frases daqueles que me dizem que as duas rodas não são para mim.
É normal cair. Aliás, neste texto, cair é um dos poucos factos normais relatados. Quem anda de mota cai e ganha experiência. Assim também acontece nas bicicletas.
Valha-nos isso e...o apoio de quem está ao nosso lado.


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