Respeito, por favor!





Tenho
aumentado consideravelmente o exercício físico que faço, não só pelo bem-estar
que isso me proporciona, aproveitando um período de férias, como também para
ajudar um amigo a perder peso.


Para isso,
além do treino que faço no ginásio, acompanho-o com a bicicleta e
percorremos  a marginal de Gaia, sempre
com o tempo e a intensidade controlados. Como se nota facilmente, damos valor
a isto. E isso merece respeito!


Podendo
haver, e há, pessoas que detestem o exercício físico, considerem-nas, desde já,
respeitadas por mim. Se não o fazem não serei eu a ir buscá-las a casa, pelo
que não perturbo o decorrer de qualquer das suas actividades.


Hoje,
contudo, descobri, no passadiço da marginal gaiense, que eles não me respeitam
da mesma forma, porque existem locais apropriados para caminhar e eles insistem
em fazê-lo no local destinado ao exercício que pratico. Daí que a minha impressão fique como a fotografia: propositadamente desfocada.


Muito embora
existam ciclistas que pedalem pelos passeios, a percentagem é incomparável. E,
note-se, o passeio é consideravelmente maior do que a ciclovia. Se é pela
paisagem, então percorram aquele que se situa exactamente na praia, o que
tornará o passeio bem agradável.


Toda esta
irritação deve-se ao facto de, pedalando a um ritmo alto, ter de me desviar de
pessoas que andam a pé, sem sequer se preocuparem com quem estorvam, sem
olharem quando atravessam, sem usarem as passadeiras destinadas a eles em plena
ciclovia.


Não me
preocupam as crianças que aprendem agora a pedalar, nem tampouco os que agora
dão os “primeiros passos” de patins. Esses estão no local certo e, ademais,
cada um pedala ou patina à velocidade que quer, pode e sabe. Mas caminhar?
Havendo dois locais destinados ao efeito, por que razão tenho de interromper a
minha respiração controlada para gritar "cuidado"?


Hoje, esta
tamanha falta de respeito mostrou-me a importância de uma campainha, cuja
compra posterguei até hoje… Mas o que mais me incomoda é a falta de civismo
daqueles que não se interessam, daqueles que, lamentavelmente, terão de ver os
próprios filhos serem atropelados por uma bicicleta a alta velocidade para se
lembrarem que têm de tomar conta deles e não os deixarem correr para fora do
parque infantil.


A crise também passa por aqui, sabem?
Não, não falo da económica. Falo da crise existencial que, provavelmente, está na origem daquela outra. Afinal, se todos nos respeitássemos não haveria
derrapagens. Nem orçamentais, nem da minha bicicleta…







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