As difíceis despedidas do que é fácil

Sei de alguém que vai partir. Por problemas conjugais deixará o marido de há décadas e partirá. Outro país a espera e, consequentemente, uma vida mais activa e, assim desejo, mais feliz.
Do ponto de vista de quem com ela conviveu durante mais de dez anos, tudo se torna estranho. A presença daquela pessoa era-me algo garantido, daqueles factos a que pouco ligamos por nos parecerem marcados em pedra. São dados assegurados, no fim de contas.
A vida muda, contudo. O que outrora estava garantido poderá hoje não ser mais do que uma recordação, seja de que teor for.
Que o diga o marido, quando descobrir. Saberá que todos os erros que cometeu mudaram a sua existência? Ou teimará em culpar a fugitiva esposa pela conduta desenfreada e quase leviana de desaparecer da sua vida?
Apenas sei responder à questão que em mim se coloca. Se aquela mulher, que nunca significou nada para mim a não ser uma constante presença se transforma numa despedida difícil, tomara que os erros de hoje não os obriguem a ser "maridos abandonados" de amanhã.

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