Mesa vazia




Há uma estrada. Há um caminho. Existem cadeiras vazias, uma mesa que espera e músicas que marcam. E depois, no fim de contas, apenas isso, nada mais, faz sentido.
Horas demoradas entre beijos clandestinos, subterfúgios de um sentimento sem nome, vozes de um coro relacional impronunciável.
Fugir não é opção, porque não se foge de quem se é. Lutar poderá não ser, por não haver força maior do que a liberdade que se proporciona.
Eis uma encruzilhada onde as caravanas de pensamentos se atropelam, onde nascem decisões não ditas, onde se escondem momentos , onde se descobrem medos e armadilhas e dicotomias do sentir…
Isto é viver, afinal. A dor também é prazer, em análise profunda, tendo em conta que a vida assim nos trata. Não sendo assim, antes vegetal.
E os outros dias em que não acorda com a noção de nada, mas o todo que um vazio nos traz nos prova que, por maiores que sejamos, não vencemos sempre? Pequenos, portanto.
E lá estará a mesa vazia, à espera da fugacidade dos lábios, da vigilância dos olhos e do secretismo de tudo o que se pensa, faz, sente…
Estará lá, realmente e sempre, nesta metáfora de si mesma em que a vida se torna quotidianamente.

Comentários

Anónimo disse…
Profundo como o mar...