Contágio de cores

As máscaras caem, mas o Carnaval é quando um homem quiser. Há quilómetros a percorrer, há horas a passar, há tempo a dispensar e há que viver como se quer. Afinal, o Carnaval de Ovar não tem só três dias e, veremos, a vida pode não ter só dois. O ditado que nos leve a pensar assim e que nos permita que não os desperdicemos, pois isso é o mais importante.
Depois dos dias de folia volta a tempestade da vida diária e, por certo, nada será igual, porque a cada dia mudamos, a cada dia somos alguém novo, só guardando a matriz que nos constitui.
O Carnaval não é senão uma metáfora da vida onde também temos momentos em que nos sentamos na beira do passeio, como num apagão, e queremos não falar, não ouvir, não mexer, mas que descobrimos que há alguém que fica ao nosso lado o tempo todo e que quer que o façamos e acaba por nos levar a reagir. Estes são aqueles a quem um obrigado basta, mas não devia. Mais seria merecido.
É na vida, também, que queremos dar mapas para sermos descobertos, a medo, com receio da mudança e daquilo que os outros possam pensar, com ansiedade por temermos a mudança de opinião da nossa parte ou de quem nos rodeia. E é no Carnaval que temos de mergulhar numa multiplicação de cores, de cabeça, para que a nossa vida seja, por contágio, colorida pelas mesmas tonalidades que sempre vimos nesta grande festa, mas que nunca discernimos ser possível trespassarem o nosso dia-a-dia.

Comentários

Anónimo disse…
ai está uma grande verdade...e apesar do medo da descoberta a alegria que daí provem faz com que valha a pena... e que todos os dias sejam carnaval nas nossas vidas