Prenda de Natal

Eram cerca de 4:00 h. Veio silenciosamente, ao som de uma derrapagem. Transforma, porque agora prova-se o sabor acre do limite final e sente-se o comovente doce que se teria perdido. Perdeu-se apenas dois painéis e uma óptica, talvez um capot e, por horas e dias, talvez, o prazer de conduzir. Nem em jogos se tolera. No serviço, entram vários acidentados, politraumatizados que podiam ter o meu nome na pulseira da triagem. Valha a sorte e uma mão pousada sobre o carro, seja ela qual for.
A visão disto muda. O arrepio ao recordar volta sempre. É triste, mas escrever sabe melhor que antes. Sem um arranhão. O carro pode não valer mais a pena, embora ande.
Dois Natais. Deve ser prenda.
Esperemos que não aumente o valor absoluto da intensidade.

Fernando Miguel Santos
Hospital Infante D.Pedro, 4 de Dezembro de 2008, 20:04

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