Haverá limite?

Quarta-feira o meu regresso, no suburbano da CP, foi feito na companhia de um professor. A impressão que tinha daquele homem, responsável por muitas das acções que se efectuam na área da deficiência em Portugal, mudou substancialmente. A naturalidade com que trata os deficientes, mesmo utilizando aqueles títulos que nós, recheados de preconceitos, evitamos, só demonstra a confiança com que ele encara o futuro. Sabe que pode fazer melhor, que podemos fazer melhor e que um dia será, na realidade, tudo um pouco melhor se todos fizermos por isso. A conversa sublimou-se até à existência de limite para o desenvolvimento.
Haverá limite?


Em resposta a um leitor do Fiel Depositário questiono: foi boçalidade da minha parte ter citado Rogério Samora ou foi este um boçal por ter diferenciado dois tipos de sexo, tema de que muitos se escusam e que todos sabem não pode ser assim tratado?
Pois deixem-me explicar que Rogério defendeu o amor ao dizer que não é pelo facto de se ter relações sexuais que se ama. Daí o uso do vernáculo para o que se sabe ser sexo pelo sexo e o uso da palavra amor quando tal se justifica, envolvendo o sentimento na sua plenitude.
Como profissional de saúde, lugar que um dia ocuparei, diria que estamos perante a reacção normal de mais de 60% dos ocidentais. Baseio-me no empirismo para tais valores, mas arrisco até afirmar que mais de metade da população adolescente pratica sexo, não sente amor e, por este assunto nunca ter sido abordado em casa, preocupa-se mais com uma gravidez indesejada do que com uma IST (infecção sexualmente transmissível). Será mais boçal dizer palavrões ou morrer de pneumonia após a infecção por HIV? Os palavrões chocam e este tema pode ser conversado sem recurso a estes. Nesse sentido concordo. Mas pergunte aos membros mais novos da sua família, do sexo masculino, que tipo de preocupações têm em relação ao cancro do colo do útero. Responderão, na sua grande maioria, que não têm útero. E o interlocutor não saberá responder. Pois saiba que não tendo útero podem, ainda assim, por infecção do Papiloma Vírus Humano, ter lesões praticamente invisíveis no pénis. Sendo este um cenário hipotético esteja descansado. Não terá de ouvir a verborreia completa, a citação de A a Z do Dicionário do Calão, reacção típica dos infectados que sabem que tudo poderia ter sido evitado se alguém lhes tivesse dito isto mais cedo.
Continuará o sexo a ser proscrito das nossas conversas?
Haverá limite?

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