Dina Gusmão vs. Estaline

Até posso ser processado por este post. Era um orgulho que assim fosse. O Correio da Manhã de dia 17 escrevia, pelas letras da iletrada jornalista Dina Gusmão, que Saramago venceu o Nobel em 1989. Acresce ainda, no corpo do texto, que “em 1988, o escritor e Nobel no ano seguinte” (sic) casou com Pilar del Rio. Como podemos ver, não se trata de uma simples troca de números, mas de uma manifestação de apurada cultura, quando bastaria verificar no site da Academia Sueca a data do referido prémio, mesmo tendo a obrigação de o ter memorizado por ser único. Um muito obrigado a Dina Gusmão. É graças a jornalistas que nada percebem do assunto de que falam, que os jornais perdem leitores e, pior ainda, que os leitores se desinteressam pela cultura, que lhes é transmitida erradamente. Jornalista? Tendo em conta que isto requer um título profissional digno trata-se já de um elogio exacerbado.
Após a leitura do parágrafo anterior – D. Dina se o ler, por favor, comente agressivamente ou, melhor ainda, processe-me por difamação e por ter revelado o desastre que foi aquele artigo – muita gente pensará que eu estarei a ser duro. Dirão isto porque firo um pessoa que não conheço (nem quero, a não ser em contexto judicial). Dirão isto porque esta senhora terá já feito coisas de valor (duvido). No entanto, há quem no site deste jornal afirme que devia ser retirada a nacionalidade portuguesa a Saramago, por este ter afirmado que Portugal devia tornar-se parte de Espanha. Devia? Não. Discordo totalmente de Saramago e não penso sequer que isso fosse plausível, quanto mais aceitável. No entanto, assim como não concordo com Dina Gusmão e os seus erros não peço que seja despedida do Correio da Manhã. Há tantos profissionais que não cumprem o que lhes é devido que mais uma não leva o país à ruína. E a julgar pela cultura dos leitores do CM que comentaram o artigo no link, nem o jornal sairá afectado por estes erros. Há até quem diga que Saramago desrespeita as regras do português. Mais uma senhora desgraçada que assina Mari Silva e acaba uma pergunta com ponto final. No mínimo, consideraria isto uma estupidez, porque criticar alguém sobre algo que nem nós sabemos fazer é estúpido. Assim como haver quem chame Saramago de velho senil. Como escritor peço às mais altas instâncias divinas que, a partir dos meus 80 anos de idade, me ofereça uma senilidade como a de Saramago.
Alguém comenta ainda o texto usando a palavra salazarismo. Então o país que considerou Salazar o maior português de sempre queixa-se de um escritor conceituado quando este diz que podíamos ser a “maior autonomia” do país vizinho? Pertencer a Espanha não seria agradável, mas decerto não seria melhor não poder sequer falar entre família sob risco de sermos denunciados por traição ao regime.
Não podemos esquecer que Saramago levou o nome de Portugal, e não o de Espanha, até à Academia Sueca. E que foi este país que um dia o ostracizou, tendo ele sido acolhido pelo país vizinho.
No entanto, Saramago está errado. A meu ver, Portugal tem muito futuro como país. Esperem! A não ser que toda a população seja toda como os estes medíocres comentadores de artigos de jornal medianos. Nesse caso, Salazar teria futuro, graças, de novo, ao analfabetismo. Mas melhor seria ressuscitar Estaline e pedir-lhe para os levar para a Sibéria. Ou Gulag. Desde que seja longe…

Comentários

Anónimo disse…
Juízos não devem ser feitos
Onde exista liberdade.
Seriam já os olhos estreitos?
É sinal que pesa a idade...

Sem pingo de vergonha,
A escrever seus dislates,
Rosnou a quem quis ouvir:
Adelante para Espanha!
Mascou, decerto maconha,
A droga dos disparates,
Granjeando quem pensasse:
O nobel é gente tacanha...