Valor acrescentado

O valor que damos àquilo que possuímos é, não raras vezes, influenciado pelo decorrer da situação em si, ou seja, pelas contingências que levam à posse. Por isso, quando damos por nós a rejeitar algo por puro preconceito ou ideia pré concebida não estamos a ter em conta o que nos levou até ali. Assim é, e foi, com as entradas na Universidade. Após tempos e tempos de sonho, após lutas e lutas por notas que não valem mais do que o que são, um conjunto de dois algarismos que nada espelham da pessoa que as obtém, falhei. A primeira fase passou e eu, muito embora tenha estado entre os melhores no secundário, não entrei. Voltei ao secundário, precavendo uma segunda fase também falhada. No entanto, entrei. Entre o fracasso e o sucesso mediaram cerca de duas semanas, desesperantes por sinal. Hoje, por ter vivido "tanto tempo" naquela que terá sido uma das piores experiências da minha vida, dou um valor acrescido ao que me aconteceu depois. E, muito embora nada tenha encontrado de verdadeiramente desagradável, quando encontrar, por certo me lembrarei das fatídicas semanas.
É por isso que hoje sorrio quando me recordo desse tempo, não tão longínquo. Até porque numa dessas semanas, uma menina que viajava comigo no comboio falou de um verdadeiro desastre: tanto ela, como as amigas, tinham entrado em opções que não a primeira. Talvez ainda hoje ela o lamente, pois não sabe a sorte que teve.

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