O meu maior medo

Imagine um Mundo em que todos somos iguais. Não, fisicamente não somos iguais. "Apenas" pensamos da mesma maneira. Todos temos as mesmas convicções políticas, religiosas, sociais, económicas, enfim, todos gerimos tudo de igual forma. Surge, então, a pergunta: se todos gostassem do azul que seria do amarelo? Pois.
Imagine um Mundo em que, apesar de reinar a paz, apesar de não haver conflitos, deixa de haver cultura, a geral e a profunda, as crianças deixam de aprender pelo saber e quase se tornam máquinas de absorção do que é essencial ou fundamental para a vida que levam. Deixariam de existir manuais como hoje existem, deixariam de existir opiniões e factos concretos embora "não fundamentais", deixaria de existir aquilo a que hoje chamamos "conhecimento". Que seria do discurso que visa convencer? Para quê gastar latim quando todos pensam como eu? Que seria do predador se não existisse presa?
Imagine que todos tínhamos as mesmas orientações e vivíamos em conformidade quase total neste "paradisíaco" lugar. Tu podes gostar mais do azul e eu do amarelo, mas tu não me dizes que o azul é melhor nem eu te tento impingir o amarelo. Será mesmo paradisíaco um lugar assim? Podia haver quem gostasse de viver assim. Eu, por outro lado, preferia um Mundo "igualmente diferente". No meu Mundo haveria paz, mas também diferenças; haveria muitos sins, mas também muitos nãos; haveria o amarelo, o azul, o verde, o vermelho, o preto...; haveria amor, mas não haveria ódio, antes, um amor diferente em cada um. Basicamente, o meu Mundo seria como um que um dia foi descrito por Jonh Lennon. Mas, esse, temos mesmo que imaginar.

Comentários

Anónimo disse…
Sobre um mundo em que a diferença é abolida e o unanimismo cinzento impera, aconselho a leitura:
- "1984", George Orwell
- "Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley
Concordo com quase tudo o que defende o post, só com uma diferença: a música de Lennon é tão utópica que procura abolir a própria diferença. O meu mundo ideal é tolerante, mas não aboliria referências. O de Lennon é totalitariamente libertário.
Conhecendo o bloguista, sei que o dele não seria assim; mas compreendo a ideia.
Paulo Sérgio Macedo