CRÓNICAS DO EUROPEU

DINAMARCA - 0 // 0 - ITÁLIA
Estádio D. Afonso Henriques, Guimarães

A Dinamarca entrou melhor no jogo, e para isso muito deve ao treinador Olsen, que colocou em campo um 4-3-3 atrevido. Trapattoni pelo contrário foi cauteloso, numa equipa que tem grande poder técnico nas individualidades, mas que nunca se mostrou bem colectivamente, jogando num nítido 4-2-3-1, táctica que Cruyff espera não alastre para muitas selecções e não domine este europeu.
Os dinamarqueses dominavam a seu bel-prazer, utilizando muito a mudança de flancos para baralhar as marcações italianas. Neste particular, Niclas Jensen e Rommedhal eram determinantes, principalmente este último, que combinando com Helveg na direita, criavam grandes problemas à defensiva italiana. A Itália só se destacou nas bolas paradas por meio de Totti que obrigou Sorensen a uma defesa apertada para canto. Aos dezasseis minutos a primeira oportunidade flagrante da Dinamarca, antecedida por outras mas ténues, num remate de Helveg e que acabou defendido por Buffon. Os vikings continuavam a dominar o jogo, tendo os italianos como espectadores. Aos 17' depois de Daniel Jensen fazer uma finta à Zidane e um passe de muita qualidade, Laursen, até aí irrepreensível em termos tácticos, começa a fazer-se notar em termos técnicos: começou aqui uma exibição soberba. Os ataques sucediam-se, com a Itália a ter em Buffon o salvador, e em Cannavaro o melhor elemento da defesa, que muito perigo afastou. A Itália só fazia tremer em contra-ataque e muito fortuitamente como ao minuto 23 que um passe quase deixa Vieri isolado, não fosse o corte de Laursen. O árbitro também pareceu querer destaque e, 6 minutos depois, amarelou Tomasson por uma simulação que não existiu. O avançado caiu na área, mas foi nítida a tentativa de continuar a jogar e não de simular qualquer falta. Ao minuto 32, ainda sobre a alçada dominadora dos nórdicos, num livre e posterior cabeceamento, Tomasson quase chega para encostar. Por esta altura, a TV mostra os números correspondentes à posse de bola. Assustadores: Dinamarca - 63%; Itália - 37%. O jogo nesta altura aquece, parecendo que nenhuma equipa, mormente os dinamarqueses, queria ir para o intervalo a zeros. Aos 39', Tomasson mostra a sua técnica elevada, prepara o remate de Helveg mas este acaba por chutar sem resultados. A Itália, adormecida até então, sai para o ataque e, na área, Del Piero serve Vieri que remate próximo de Sorensen. O guarda-redes defende com muita dificuldade e, em desequilíbrio, volta a defender a recarga de Totti. Um excelente momento de futebol, determinante para o resultado final. Na sequência da mesma jogada, num contra-ataque dinamarquês Buffon é também obrigado a esticar-se para alcançar a bola. Acaba assim a primeira parte, num ritmo alucinante não aconselhado perante os 33º que se faziam sentir em Guimarães.
O árbitro começou o segundo tempo a assinalar mal uma falta. Foi sem dúvida o pior em campo, num jogo de qualidade nítida. As equipas também começaram por distribuir as oportunidades, mas esta segunda parte foi bem mais incaracterística, com a Dinamarca sempre a dominar, mas o fosso a diminuir. Poulsen controlava a sua zona. Laursen mantinha-se no topo. Entre os 11 e os 13 minutos duas oportunidades, uma para cada lado, com Sorensen a defender um cabeceamento de Vieri e Buffon a desviar a bola, com uma palmada, tirando-a dos pés de Tomasson. Aos 16 minutos, Rommedahl arranca de forma espectacular e só é parado por Cannavaro em obstrução. Até aos 27 minutos, saíram Del Piero, Camoranesi, Sand e Jorgensen, substituídos por Cassano, Fiore, Claus Jensen e Pérez, respectivamente A Itália subiu de rendimento, quem sabe por ter o sangue mais guerreiro de Gattuso em campo, entrado sensivelmente a meio dos últimos 45 minutos. Aos 30 minutos, Claus Jensen joga bem e obriga Buffon a duas defesas incríveis. No contra golpe, Vieri falha por pouco, de cabeça. Sai então Poulsen que muito trabalhou e entra Priske. O jogo estava mais morno, mas ninguém desistia. A Dinamarca continuava a ser eficaz no meio campo e na defesa (Laursen é claro) e os dois guarda-redes continuavam espectaculares. Sorensen defendia os livres de Totti, Buffon os remates de fora, um dos quais bem perigoso, por Daniel Jensen. Já nos descontos, Totti tem uma entrada escusada, merecedora de cartão vermelho, mas vê apenas o amarelo, numa notória falta de coragem de Manuel Mejuto Gonzáles de expulsar um nome tão sonante.
0 - 0. Este jogo foi, contudo, um jogo de grande qualidade, em que não se fez justiça, pois caso houvesse, a Dinamarca teria saído vencedora. E bem que merecia os três pontos.

Melhor em campo:
Thomas Sorensen

Árbitro:
Manuel Mejuto González - o pior árbitro até ao momento. Errou poucas vezes, sem repercussões no resultado, mas errou mais do que os outros. Destacam-se três erros: a alegada simulação de Tomasson e o respectivo amarelo, uma falta mal marcada a abrir a segunda parte e a não expulsão de Totti, por entrada bastante dura.

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