Liberdade

Ouço várias vezes afirmarem que a liberdade de um acaba quando a do outro começa. Será bem assim? Mesmo que não queiramos prejudicar terceiros, nem ferir susceptibilidades, nem tampouco quebrar leis valorativas e morais podemos sempre espetar com um redondo não na falta de liberdade. Senão vejamos: programe-se um dia para fazer algo de relativa importância, mas que não envolva ninguém a não ser o próprio, para que os danos morais, ou mesmo os benefícios, possam ser usufruídos só por cada um. Fazendo isto, durma-se mal pensando no tão importante assunto que se verá resolvido no dia próximo. Nesse mesmo dia, levante-se a pessoa, tome banho, prepare-se para vestir e, finalmente, quando apenas faltar enfiar as calças ou a camisola, decida o indivíduo, em vez de vestir, despir o que já tem e voltar a deitar-se. Isto é uma fuga à falta de liberdade. Existia algo que nos prendia, algo que foi recusado e que só por si deu prazer pela denegação. É certo que isto não é passível de efectuar em todas e quaisquer situações. Mas este mesmo facto torna o acto de indeferimento ainda mais saboroso. É experimentar e ver…

Comentários