O meu acidente
A sensação de impotência, quase como se fosse a conduzir uma mota feita de sabão graças ao óleo das estradas, a dor do impacto e as dores de vários dias que se seguem (e ainda se mantêm), as feridas de abrasão feitas pelo deslizar desprotegido no alcatrão... Consequências de quem anda à chuva e, neste caso, não se molha mas cai. Tudo se passa num milésimo de segundo. O carro que me precede talvez nem se aperceba do erro que comete. E eu caio. Caio em plena cidade do Porto e quem pára para me ajudar? Um brasileiro preto. Perguntou-me tudo o que devia ter perguntado, esperou que me recompusesse e tentou reconfortar-me. Ainda me ajudou a erguer a mota e viu-me as feridas. Depois, esperou que eu telefonasse a alguém e deixou-me. Nesse dia, talvez tenha chegado atrasado ao trabalho. Não sou de fazer contas ao que se passa depois, mas esperava contactos de outras pessoas. Os "inevitáveis" fizeram-no, duma forma ou doutra, mas alguns deixaram passar ao lado. Talvez seja por ninguém