A herança impagável






Hoje, faz anos um verdadeiro herói. Não por ser um distinguido atirador contra a Guiné do Ultramar, não por ser um trabalhador nato e um gestor de excelência, nem sequer por ser meu pai, o que me faz amá-lo descomunalmente... É um herói pela pessoa que está lá dentro, pelo coração mole que só não se desfaz em nome do orgulho masculino, mas que esboça sempre as suas reacções; é um herói por ter construído com as suas mãos e o seu saber uma realidade próxima daquilo que todos desejamos.
Dele herdei este vício de não dizer que não a qualquer desafio, o tom elevado com que discuto os meus argumentos, a vontade com que compro pequenas guerras. Mas também foi dele que herdei o poder argumentativo, a garra de ir mais além e a capacidade de me fazer notar, de ter "olho em terra de cegos".
Se nada disto bastasse, terias ainda o meu amor por ti, inabalável, imbatível e inigualável, como só um filho, o primeiro filho homem, pode amar um pai.
Se fosses rei, eu seria o herdeiro do teu trono. Serás sempre o meu rei, por isso, mesmo não havendo trono, herdo de ti a riqueza de carácter digna de linhagens nobres.
Parabéns, um beijo grande e prepara-te! Daqui a cinco anos chegas aos 69!

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