A dignidade ao som de alarmes de monitorização

Saio de fazer noite no hospital. Ainda sinto os sons intermitentes dos monitores. Parece longínqua a altura em que me espartilhava entre part-time e desemprego, sem compromisso com nenhuma carreira. Ainda assim, sempre com o mesmo empenho, não reconhecido porventura, mas necessário àquilo que são os meus próprios padrões de excelência. Afinal, o meu objectivo é sempre o meu melhor. E, valha a verdade, costuma chegar para um bom desempenho.
Todos nós, de uma forma ou de outra, somos incitados a tratarmo-nos e expormo-nos como um produto. As nossas qualidades são apresentadas, somos procurados pelo nosso trabalho, enfim, somos requisitados por aquilo que melhor desempenhamos. Isso não me aconteceu durante um curto mas desesperante período de tempo, e esse facto é o sal que tempera as vitórias diárias.
Contudo, apesar de um produto somos, fundamentalmente, pessoas. Há valores e princípios a salvaguardar e há, acima de qualquer promoção na carreira ou aumento de salário, uma dignidade a preservar.
Para quem a tem, conservem-na! Quem não a tem… Bem, desenrasquem uma, porque faz imensa falta.

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