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A mostrar mensagens de abril, 2010

Cântico Negro (José Régio)

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velh

Hans Christian Andersen

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O famigerado autor de contos infantis faria hoje 205 anos. E é sempre oportuno qalquer momento para recordar alguém que tanto contribuiu para a literatura mundial. Sem os contos escritos pelo dinamarquês muitas crianças não teriam tido a iniciação produtiva no mundo literário que tiveram. Na verdade, Esopo, La Fontaine, os irmãos Grimm e Andersen são talvez os nomes mais significativos de uma literatura que tem os mais novos como destinatários, mas que transmite valores inestimáveis para os mais velhos. Hans foi, na minha infância e a par de Enid Blyton (Noddy, Os Cinco, Os Setes, As Gémeas...), o meu autor favorito. Foi através das histórias de ambos que me embrenhei horas a fio por caminhos feitos de palavras que me levaram até ao sonho de eu mesmo os traçar. Por isso, Andersen tem um significado especial tanto pessoal como profissionalmente.