Mensagens

A mostrar mensagens de 2010

Mudam-se os tempos?

Mesmo que mudem, talvez as vontades permaneçam. E o certo é que, hoje, revendo este blog, senti que o tempo passou rápido. Há quadros situacionais que já passaram diante de mim à distância de meses. Mas aqui apenas dois ou três posts chegam para me lembrar que o que outrora era um problema grave, deixou de ser, voltou a ser e voltou a trazer-me até aqui. É como um grande valor que temos, aquilo que vagueia dentro de nós. Somos capazes até de o esconder, de nunca o mostrar, mas tendo a ser claro, normalmente. Gostam que saibam a forma como penso e digo aquilo que sinto e aqui, melhor lugar do que nenhum outro para o escrever, encontro um espelho daquilo que fui nestes "imensos" seis anos. Enfim, sei que aqui se descobre aquilo que sou hoje. Pode fazê-lo o leitor, com toda a liberdade que a tecnologia hoje permite. Eu mesmo o fiz há poucos minutos atrás.

23º Aniversário

Foi com imenso prazer que vi o MG repleto de convidados para o jantar do meu 23º aniversário. Chorei, claro está, com tantos abraços e desejos. Não é fácil conter as lágrimas quando se tem amigos que nos perguntam a cada dia quando damos o próximo passo no nosso sonho, quando criamos mais algum dos nossos textos, quando sai a revista onde escrevemos e, melhor do que tudo isso, quando é que poderei estar com eles. Se essas perguntas saem com a naturalidade do quotidiano, não será fácil proporcionar uma noite como a de segunda-feira? Provavelmente sim. E, para isso, nem tantas lágrimas como as que despejei servem de agradecimento.

Gira-discos

A vida é quase como um gira-discos. Rodamos a uma velocidade alucinante sem sequer nos ser dada a possibilidade de o entender verdadeiramente. Na minha vida, este blog é o espelho dessas mudanças. Mudanças que se traduzem num crescimento (ou será num decrescimento?) para a criança que quero continuar a ser. A vida leva-me a um caminho desconhecido. Uma licenciatura para já infrutífera, uma profissão de sonho que apenas se cumpre num livro editado e naspáginas da net ao alcance de qualquer um, um curso de massagem comfalta de produção e a habilitação de formador que, até agora, apenas serviu de reflexão e de investimento próprio. Contudo, perder o rumo, o Norte, é algo que não pode acontecer num percurso que todos sabemos ser passageiro. Neste gira-discos, o que toca é uma faixa única, sem interrupções ou pausas e o tempo urge. Se assim não fosse, tudo perderia o gozo. Seríamos bem mais sedentários, mais acomodados àquilo que nos é dado e menos proactivos em relação àquilo que temos de

Cântico Negro (José Régio)

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velh

Hans Christian Andersen

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O famigerado autor de contos infantis faria hoje 205 anos. E é sempre oportuno qalquer momento para recordar alguém que tanto contribuiu para a literatura mundial. Sem os contos escritos pelo dinamarquês muitas crianças não teriam tido a iniciação produtiva no mundo literário que tiveram. Na verdade, Esopo, La Fontaine, os irmãos Grimm e Andersen são talvez os nomes mais significativos de uma literatura que tem os mais novos como destinatários, mas que transmite valores inestimáveis para os mais velhos. Hans foi, na minha infância e a par de Enid Blyton (Noddy, Os Cinco, Os Setes, As Gémeas...), o meu autor favorito. Foi através das histórias de ambos que me embrenhei horas a fio por caminhos feitos de palavras que me levaram até ao sonho de eu mesmo os traçar. Por isso, Andersen tem um significado especial tanto pessoal como profissionalmente.

Encurralado

Encurralado é uma palavra bem construída. Transmite a ideia que os dois erres que contém encurralam, na realidade, qualquer coisa. E é, além do mais, como me sinto. Encurralado. Encurralado por ter um curriculum que alguns afirmam ser desejável - invejável nada devia ser - e por estar desempregado. Encurralado por sentir que as minhas palavras, como estas, podem surtir o mesmo efeito de pedras na água: umas ondas pequenas e passageiras que logo desaparecem. Encurralado por sentir que há poucas pedras para atirar, leia-se, poucas palavras para dizer em determinadas circunstâncias. Encurralado por saber que estes conflitos deviam ter sido vividos há mais tempo. Encurralado pela falta de tolerância de quem olha para aquilo que faço e vê, tão simples e despudoramente, atiudes de falta de consciência. Para esses, nem pena. Afinal, a diferença, algo que devia ser premiado, incomoda. Mas os sonhos... Os sonhos são diferentes. São premiados. E mesmo assim há quem lhes vire as costas. Eu

O funeral da literatura

Imaginemos que existiu um país onde a literatura tinha história. Nesse país, os trovadores começaram por estar ao serviço das cortes. Declamavam as suas imensas palavras que, com vista ao divertimento dos presentes, acabavam por presenteá-los com surpresas bem-vindas, sinais de que a arte e o entretenimento podiam, saudavelmente, brincar lado a lado. Esse país foi crescendo e, mais tarde, poetas de envergadura enorme puderam ler perante reis, reis com letra minúscula dada o tamanho da poesia que essas mãos escreveram. Num mundo em que a memória era ainda a original, que a luta travada pela marca que se desejava indelével era atroz, houve quem nadasse com um só braço, salvando uma nação inteira. Mais tarde, com a força das mesmas palavras que o povo continha em forma de sangue explosivo, houve quem brincasse às obscenidades, quem combatesse regimes com a prosa, quem exaltasse amores proibídos e quem se multiplicasse. E eis que chegou um tempo em que já nada era impossível. As palavras s

Viva o Carnaval, o Carnaval de Ovar!

Estou com tosse, alguns espirros e cansado. Talvez isto sirva para explicar que o Carnaval, apesar de ser brincadeira, também é sério e também mói. Quinta-feira, vestido de Ku Klux Klan, fui recebido com incredulidade. Talvez o racismo levado ao extremo seja algo difícil de satirizar, mas soube-me bem sentir que o facto cumpria o seu propósito. Porém, os prazeres da noite estavam algo dificultados, pois a boca encontrava-se tapada e obrigou-me a uma ginástica inesperada. Na sexta, um bispo. Abençoei metade das pessoas da rua, casei outras tantas e acabei por me divertir ainda mais, porque desta feita apenas a moral que o meu fato imprimia podia ser uma barreira. Não foi e, afinal, pode fazer-se de tudo quando se é bispo. O sábado era um dia especial. Era nessa noite que começava a colaboração entre a Banda do Pirilau e Os Marados. Jantámos todos no Sobe e Desce e a noite começou no desfile das escolas de samba. Seguidamente, dirigimo-nos todos às escolas e ensaiámos o esquema dentro do

Banda do Pirilau: um fim-de-semana de pódio

A Banda do Pirilau, grupo de Carnaval do qual faço parte, participou no Rally Costa de Prata de 2010 com a ambição de se divertir. Para nós, amigos que partilham sentimentos por Ovar e pela festa que o Carnaval é na cidade, a diversão está e estará em primeiro lugar. Assim, dia 30 de Janeiro, um dia antes do desfile da Chegada de Sua Alteza Real D. Álvaro, o Barbeiro, duas equipas tomaram lugar na linha de partida. Duas equipas vestidas com o vermelho-e-branco que caracteriza a Banda. Durante todo o percurso fomos as últimas equipas a prestar provas nos pontos onde as meninas da Costa de Prata esperavam. No entanto, os últimos são os primeiro, diz o antigo ditado, e cada prova era prestada com mestria. Prova após prova, fomos consolidando uma vantagem que, nessa altura, ainda nos passava despercebida. Eis que, estando já próxima a meia-noite, recebo uma mensagem da Banda. Ganhámos o 1º e o 2º lugares, os únicos dois premiados, e na SA esperavam-nos os troféus e os prémios monetários. C

Madeira, olá outra vez

De 21 a 24 de Janeiro de 2010 passei mais quatro dias na Madeira. Na companhia do Lázaro, do Vela e do Merêncio fomos visitar o Luis Filipe (o nosso “Madeira”). Foram quatro dias de enorme cansaço, com muita poncha, muitas horas por dormir e muitas visitas aceleradas, ou não fosse o tempo estar contra nós. Ainda assim, foi um óptimo início de ano. Se Armamar tinha sido em grande, a Madeira continuou esse estado de espírito e anunciava um Carnaval enorme. Para a história ficam as inúmeras comidas e bebidas experimentadas, as noites vividas entre amigos e em ambiente diferente daquele a que estamos habituados e a vontade de lá voltar. Como sempre…

Em pleno MG...

Escrevo directamente do MG. Há muito que não fazia um post fora do meu tão aprimorado (?) posto de trabalho, o meu quarto, mas este sítio, apesar de ser de festa e amizades tão fortes como instantâneas deixa-me com vontade de o relatar vezes sem conta. Não há memórias que apaguem o que já aqui vivi, memórias que se encontram a par com as melhores de sempre. Foi aqui que conheci a Sara e grande parte dos queridos amigos que agora tenho e, para todos, deixo aqui este testemunho como prova do meu amor. Sim, porque a amizade faz também parte da sublimação que é o amor. Este, o sítio onde descobri a mulher da minha vida, é também o sítio onde a minha vida se embala, como num sono de humanidade e profundidade amistosa, onde se encontram, a cada passo, novas pessoas, novas formas de vida, novas ondas de pensamento. Há uma obrigação que me impulsiona a dar os parabéns ao Ruca e ao China (citados por ordem cronológica de nascimentos, para não haver reclamações...) por esta casa fantástica que c

O Fernando chora sempre duas vezes

É esta a melhor versão do carteiro de Pablo Neruda. A melhor versão que não seria possível sem um grupo de pessoas que decidi denominar por A Família do MG. Tudo começou dia 30 com o Fernando a comunicar aos seus pais que voltaria dia 1. Na verdade, só voltou dia 3. Partiu dia 30 com parte da Família MG para terras que até o diabo esqueceu, mais especificamente Gogim no concelho de Armamar. A partida foi conturbada, porque alguns membros decidiram começar o aquecimento no João Gomes e a viagem foi perturbada pelo nevoeiro intenso. Chegados à Quinta das Infestas começou a preparação da noite que aí vinha. Todos prometeram que “seria calminho” e eis que a noite nos levou à pizzaria onde o marketing do Ral e os seus conhecimentos com quem “vende ferro” lhe valeram uma mini de borla. Vestidos como o Catita dos anos 40, quando ainda ia às maçãs, tivemos tempo de dar cabo do juízo à D. Fátima, ao Tó Zé e ainda jogámos dados. Em casa jogámos o poker que consumou a verdade da noite: foi devera