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A mostrar mensagens de março, 2008

Chuva de Primavera: o mensageiro real

A Primavera começou com chuva. Quem ler isto vai pensar que, como não tenho mais nada que fazer, escrevo sobre o tempo assim como as pessoas fazem com as conversas cujas engrenagens rangem num limbo de silêncio. A verdade é que, realmente, a Primavera não começou com o despontar de flores, as aflições dos pólenes em voar para longe, nem a presença de andorinhas irrequietas. Começou com chuva. O chão está molhado lá fora e eu, eu preferia ficar aqui a ver o que quisesse a fazer o que quisesse, a escrever o que me apetecesse. Mas tenho de ir para a Universidade, quanto mais não seja para marcar presença quando muitos dos professores mais não fazem do que isso: marcar presença lendo, coisa que eu poderia fazer em casa, a ouvir a chuva. E que isto não signifique para ninguém um estado deprimido, pois nunca foi depressão querer manter a roupa seca, querer ter tempo para aquilo que é nosso e não para o resto que nos é impingido ainda que o objectivo seja de comum acordo. Vou sair, claro, mas

Os nossos «nunca» e os nossos «sempre»

Não há dia em que não estejamos presos. A nossa liberdade consiste em escolher esse tipo de prisão, quando tal nos é proporcionado. Pior são os dias em que vemos que não podemos escolher, a nossa prisão está predestinada por outros e temos de lhe obedecer. Um dia haverá em que temos necessidade de nos emancipar em frente desse tipo de prisões. E é aí que a nossa força, antes parada e escondida, se mostra em todo o seu fulgor e arrebata os nossos corações da sela em que se encontra. Encare-se este texto como uma manifestação de um facto e não como uma afirmação de declínio. Não se declina quando se tem noção que para voar mais alto é preciso arrancar num plano horizontal, baixo, para ganhar lanço, espaço e poder necessário aos motores para esse arranque final. Claro que há pessoa que nunca descolam. Preferem manter-se, não arriscando, no aeroporto das suas vidas, a observar, desde a janela, as sensações que as descolagens alheias lhes proporcionam. Esses não podem dizer como nós, os que

Paris

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A minha viagem a Paris, entre 6 e 11 de Março, marca um ponto de viragem. O facto de me ter apercebido que aquela cidade vai de encontro a muito daquilo que sempre esperei de uma, torna-a, aos meus olhos, ainda mais especial do que pretende ser turisticamente. Daí que tenha nascido em mim uma vontade enorme de procurar conteúdos que a contenham, música, filmes, ou até mesmo de rever alguns que já conhecia. Trata-se, não de um amor à primeira vista, mas de um sentimento consumado por um conhecimento prévio, que culmina na presença dentro dela e acaba por ser assimilado por mim como algo de transcendente. As luzes, os monumentos, as pessoas? Talvez seja só a essência de tudo isso, não a forma. Quanto a mim, a minha própria essência metamorfoseia-se. Um dia, enquanto ela me espera, surpreendê-la-ei, mas só eu sei como.

And the Oscar goes to...

Fiz questão de ver a cerimónia dos Oscares em directo. Fiz questão, até, de escrever num papel os vencedores de cada categoria. Estive atento às piadas políticas e aos jogos de palavras. Enfim, passei uma noite diferente mas nem por isso estranha. Afinal, aquelas figuras são quase como nossos familiares. Ao fazer a lista dos vencedores a minha intenção era expô-la aqui, como porta-estandarte da minha veia cinéfila. Por esta altura, já não se justifica, se é que se justificava antes. Mesmo assim, pareceu-me que as questões estéticas estiveram muito presentes na atribuição dos prémios, o que muito me satisfaz (assim como a publicação do meu post Não Amor no Arcadia XXI com o mesmo tema). Daí que, cada vez mais, a sétima arte seja um dos domínios em que gostava de fazer entrar um dos tentáculos do polvo que sonho possuir.