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A mostrar mensagens de julho, 2005

Idade presidenciável

A idade é, ninguém duvida, um posto que, merecendo mais atenção do que aquela que, por vezes, lhe é concedida, não deixa de ser extremamente delicado. Não se prevê que este post seja uma dissertação acerca dos valores implementados quanto ao tratamento dos mais velhos. O tema é a presidência. Cavaco ou Soares? Cavaco traz consigo uma enorme vantagem por ser mais novo. A idade por si só não é uma vantagem, mas por certo pesará no acto de voto de muita gente. Contudo, a experiência de Soares como figura maior do nosso país, considerado até por Miguel Sousa Tavares "o melhor PR da primeira e segunda Repúblicas", pode também traduzir-se numa maior afinidade dos mais velhos e numa tentativa de "homenagem" por parte dos mais novos. Quanto a mim, Soares ganhará caso tudo se desenrole no percurso normal. No entanto, após as incoerências subjacentes á decisão de se candidatar Soares corre o risco de perder uma parte da sua credibilidade. Afinal não foi ele que disse que se d

TRELAB

As duas semanas transactas, nas quais frequentei um estágio sobre tratamento de resíduos laboratoriais no ISEP, foram, sem dúvida, das mais ocupadas que alguma vez tive. Não só o estágio, como também os exames nacionais e a candidatura à Universidade, tornaram estes quinze dias muito intensos, seja a nível físico ou psicológico. Ainda assim, o que restará na memória depois de muito tempo, ainda além do período longo durante o qual espero reter toda a informação apreendida, serão os laços de amizade e admiração construídos por uma convivência de valor inestimável. Se o que digo soa a repetição - uma vez que as despedidas se têm tornado quase consecutivas - e este post parece ser do mesmo teor de qualquer outro desenganem-se os que pensam que me tornei emocionalmente frágil ao ponto de sentir as situações mais intensamente do que merecido, porque tal só acontece quando é realmente indispensável. Por isso, para aqueles que me acompanharam no TRELAB, sem excepção, que criaram o ambiente ne

Pomar preguiçoso

Após uma pausa longa, convém sempre reentrar com a leveza de um assunto que, embora sério, seja pouco comprometedor da nossa intelectualidade. Assim, deixando para trás atentados, política e futebol - para este último há-de chegar a hora - falemos de preguiça. Uma das conversas deste longo dia de hoje, entabulada por entre candidaturas, estágios e muito, muito sono, tocou este mesmo tema. A preguiça dos portugueses não é senão uma tentativa de esquecimento daquilo que nos tem vindo a rodear ao longo dos tempos, num país em que se sobrevive mais do que se vive. Sobre este mesmo tema disse Júlio Pomar, um dos expoentes portugueses ao nível da pintura, que é «imensamente preguiçoso». A sua definição de preguiça é, no mínimo, curiosa ou não fosse ela ocuparmo-nos com a desocupação, o que constitui por si só uma incongruência. Será Pomar um mau exemplo para muitos destes jovens que por aí acordam todas as manhãs, por afirmar que «é gostoso deixar a cabeça ir para onde ela quiser, ou não ir

Londres

Mais uma vez, um qualquer grupo terrorista (para quê separá-los se todos fazem o mesmo?) atentou contra o sossego e o bem-estar de uma das maiores civilizações mundiais. Se um país como Inglaterra se perde com um atentado assim, sem querer desvalorizar a tragédia, como poderão reagir possíveis visados com recursos muito abaixo destes? É preocupante a vontade dos líderes terroristas em tornar o caos o seu aparelho de transmissão, o mensageiro dos seus ideais fundamentalistas e repugnantes. Hoje foi Londres, outro dia poderá ser noutra cidade, noutro país. A atenção, apesar da enorme dificuldade em mantê-la nestes casos, é fundamental. E como nas doenças o mais importante é a prevenção.

Cinzento

Liberdade. Todos nascemos presos, quanto mais não seja pela incapacidade de voar como alguns animais ou correr a velocidades estonteantes como outros. A nossa liberdade, foi dito um dia, depende claramente da dos outros. Por isso, é necessário também digladiarmo-nos por ela. Se a fronteira se aproxima de mim, então estou a perder terreno. Há que pegar na fronteira e forçar. Se não o fizermos as fronteiras tapar-nos-ão e deixaremos de enxergar o que quer que seja. Desapareçam as melhores coisas que temos: o Sol, a Lua, a amizade, o amor, as flores… Mundo cinzento? Outra coisa não seria de esperar. Temos de o pintar o mais tardar agora. Depois pode ser tarde de mais. E enquanto pintamos, alargamos fronteiras.